Quem me conhece sabe que sou da turma do deixa disso, do não esquenta, do deixa pra lá. Um Ogro com boas maneiras, que não faz mal algum a ninguém a nãoser a si mesmo. Talvez isso que esteja acabando comigo. O derrubar de uma “imagem”. Hoje, acordei diferente. Sei lá... Dormi mal, sonhei que estava em Curitiba e isso me agonia, me sinto preso com vontade de voltar ao Rio. O biscoito que comi caiu extremamente mal, e no trabalho não tive que fazer absolutamente nada, logo, mente vazia... vocês sabem o resto. Pra salvar meu dia, meu telefone tocou.
-Mafra?
-Sim. Quem fala?
-Filipe Barros. Beleza? Se liga... Os caras do service desk desafiaram a gente pra um jogo contra e disseram que ganham mole.
-Cara, tô dentro. Saio daqui 20min mais cedo, pego os coletes e parto pra quadra.
Times armados, e vamos pra luta.
Hoje apesar de estar esquisito, estava inspirado. Fiz o primeiro, o segundo e o terceiro saiu num lance digno de narração. O Claudinei é um negão com mais corpo que eu, e menos futebol. Todos na direita, todos marcados, eu com a bola, em frente a minha área e Claudinei veio me marcar. Levou uma caneta, de forma que fui pra esquerda, sozinho. O Negão veio correndo. Parei a bola me projetando pro outro lado e passou o touro. O Negao veio com mais raiva ainda fungando no meu cangote, se encostando, grudadinho. Dei uma cotoveladinha, daquelas do tipo, porra desgruda! Rolou um stress, e bla bla bla. Jogada seguinte, ele veio disputar uma bola comigo e deixou a sola da chuteira na parte interna da minha coxa. Doeu paracaraleo. Na outra, estava olhando pra outro jogador do time deles na cobrança de escanteio e o Negão me deu uma ombrada, que andei 2 passos (pra me dar uma ombrada que me faça andar 2 passos, tem que ser a ombrada). Olhei pra ele, não disse nada. Estava ganhando o jogo, e ele não conseguia me parar. No lance seguinte, ele conseguiu. Veio de frente, com a bola, e eu, no pior erro que me lembre dos ultimos tempos aí da minha vida, o acertei com uma voadora na barriga totalmente covarde e criminosa. Bastou ver o medo nos olhos dele pra me sentir a pior pessoa do mundo. Sabe o erro que você não se perdoa? Antes ele tivesse reagido. Teria me feito mais homem. Não, ele não reagiu. Segurou a dor e me olhou. Na hora, passaram todos os acertos, todo o bem que fiz, sem olhar a quem, tudo de bom, pela minha cabeça que havia sido anulado com sobras por aquele erro idiota e sem justificativa. Um minuto pra ter raiva de mim e me achar o mais babaca do mundo. Não imagino como alguém pode fazer mal a alguma pessoa indefesa. Me senti péssimo depois daquilo, com raiva de mim mesmo. Na volta pra casa, andando, parecia que havia o mundo em minhas costas. Enfim, errar é humano, apesar de alguns erros serem bossais.
Ganhamos o jogo por 10 x 7 e no fim, pedi desculpas ao Claudinei.
Vou dormir, absolutamente envergonhado, porque pra mim, o ano acabou e mais péssimo do que estou me sentindo é humanamente impossível.
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