Mulher de Malandro


Faz parte do meu ser. Qualquer relacionamento que seja, amizade, amoroso, coleguismo ou até mesmo profissional, que me traga o mínimo sinal de sofrimento, eu saio fora. Como me contradizer tanto em relação ao Mengo? Acompanhei absolutamente todas as tragédias desse ano. Desde a patética derrota para o América do México, passando pela bisonha atuação na derrota pelo mesmo score para o Atlético Mineiro e chegando no empate no mínimo bisonho contra o Esmeraldino. Ainda assim, me peguei pensando a hora que acordei: -Vou passar o réveillon de camisa branca do Mengo. Isso me faz mulher de malandro e sem palavra. Não consigo de maneira nenhuma me desvencilhar dessas cores. Brinquei com o Léo na saída do Maraca ontem: -Queiroz, por que será que não achamos a mulher certa? Será que somos tão Flamenguistas que somos cagados de urubu? Rimos, apesar do sorriso estar amarelo pela despedida do Maraca em 2008, pelo empate bisonho e por outros acontecimentos. Nem mesmo o fatídico fim de semana, juntando a triste sexta-feira me tirariam tanto o sorriso do rosto quanto o Flamengo consegue tirar (me refiro tão somente ao Flamengo porque ele só perde pra ele mesmo). Ontem me peguei caindo em cima da menina da fileira da frente de tanto xingar. Eu levantava, esbravejava, apontava, lamentava e ameaçava. De nada adiantou. Parece que os onze guerreiros estavam sonolentos e vi a Libertadores escorregar por entre meus dedos tal como grãos de areia. Doeu-me ver a torcida toda em coro chamar o time de Time de Merda na última apresentação no gigante Mário Filho. Fiz as contas hoje de manhã, e pelo menos R$ 800,00 foram gastos, ou mais, só com o Flamengo, e já acordo pensando no ano que vem. Como explicar um amor que me traz sofrimento? Quer queira, quer não, amor incondicional, só por essas cores. Sou maduro o suficiente pra entender que não posso esperar nada em troca. Não me recordo com quem conversei esse fim de semana, mas foi algo do tipo: As pessoas são hipócritas o suficiente pra afirmarem que existe amor incondicional. Porra nenhuma! Ninguém é bobo de ficar dando a cara a tapa e não receber nada de bom em troca (em tempo, o “de bom” não significa necessariamente nada material) em qualquer que seja o tipo de relação. Com o Mengo é diferente. Ele perde, eu sofro. Perde novamente, sofro de novo. Perde mais uma e me prometo que não mais ligarei, mas basta que na semana seguinte o Manto entre em campo que me gela a espinha. O Mengo me acalanta, posso estar no pior dos humores, que o anúncio do Rubro-Negro no Maraca me faz sorrir. Não há o que se reclamar. Quando assinei o contrato de seguidor da minha diretriz chamada Flamengo, li bem a cláusula que dizia:

“Na regata ele me mata, me maltrata e me arrebata. Que emoção no coração. Consagrado no gramado, sempre amado, o mais cotado”

Me contradirei novamente então ao afirmar que o meu caso de amor com o Flamengo não me traz tristeza. O Flamengo por si só, já é minha alegria.

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