Já foi, já era.

O que me encantava era aquele clima de preparativo, de esquenta:

-Alô!
-E aí Neguinho, preparado? Sai do trabalho que horas?
-As 18:00, já confirmei com todos, as 20:00 geral lá em casa pra bebermos um pouco, rirmos, ditarmos as regras e sairmos todos em carreata.
-Fechado!

O clima da rodoviária já era algo diferente. Eram mochileiros, com suas barracas de camping, pranchas e as namoradas penduradas no pescoço. Sprays de espuma, cadeiras de praia, colchonetes e a cara de animação de muitos. Alguns, mais empolgados levavam violão, onde ali mesmo faziam-se rodinhas e entoavam a canção do verão mais tocada no momento. Nos ônibus, ouviam-se as risadas e até os mais tímidos entravam no coro quando iniciavam-se as cantigas no meio do engarrafamento.

"-Ôooo Miiiilaaaa mil e uma noites de amor com você..."
"-Eu não vou perder vocêeee, faz parte dessa história..."
"-Se o trocador for vigarista, vou botar no cu do motorista..." (e o motorista nessa época ria, e cantava junto...)

A primeira manhã era sempre a mais bela. Acordávamos cedo, bem cedo, sem nem notarmos que a noite tinha sido dentro do ônibus, que inevitavelmente havia demorado 3 a 4 horas a mais pra chegar, 3 a 4 felizes horas de bate papos, risadas e as vezes algumas paqueras. O Sol nos brindava com seu mais belo sorriso dourado e o mar nos agraciava com seu azul que no horizonte confundia-se com o céu. A nossa vista era sempre privilegiada. Comíamos algo bem leve e descíamos em comboio, correndo, pro primeiro mergulho que assemelhava-se a um orgasmo. Aquele clima praiano era tudo de bom. Tudo se completava, era o clima praiano, o mesmo pessoal na mesma praia, no mesmo horário. Eram olhares trocados, cuidados pra não errar o alvo e os dedinhos cruzados pra que surgisse um amor de verão. Aquilo sim era encantador. Nos divertíamos sadiamente, nos alimentávamos como jovens e cada um elegia a sua paquera. A noite, bem, a noite era o supra-sumo. A dosagem certa de álcool fazia os mais tímidos e as mais tímidas se soltarem. As músicas rolavam soltas até as 5 da manhã, e quem perdesse o último ônibus voltava andando pra casa pela estrada iluminada apenas pela Lua e pelas estrelas. Um boa desculpa pra pegar na mão daquela menina linda que era algo tentador de biquíni e tornava-se meiga ao passar as mãos pelos cabelos dançando.

E assim seguiam-se, do primeiro ao quinto dia, curtidos, e muito bem curtidos até a ultima gota de sal do mar, até o ultimo raio de sol, até o beijo de despedida daquela pessoa que deixaria teu coração partido. Aquele quinto dia nos deixava depressivo, não havia quem não ficasse. Começava mais uma contagem regressiva para o ano seguinte, e assim foram uns 4, 5 anos da minha vida. A viagem de volta era triste, bem triste. Em vez dos cânticos ouviam-se lamentos, roncos e os sorrisos de canto de boca ao falar das histórias de mais um carnaval mágico.

Ah como era bom... Carnaval era assim, era esperado o ano inteiro. Planejado, contado, sonhado.
Ligávamos o Carnaval a amores de verão, era mais sublime, era mais verdadeiro, era mais encantador.

Carnaval era assim,
Não é mais.
Carnaval já foi... já era.

Nessa quarta de cinzas senti novamente aquela sensação de depressão, de fim. Não pelo carnaval ter sido ótimo, mas por não ter vivido os carnavais de antigamente mais uma vez. Cara, para tudo, para o mundo, ou pelo menos reduz a velocidade. Eu juro, sério mesmo. Quero descer.

Hoje em dia? Não vou estragar esse post, comento num próximo.

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Pessoas, aproveito pra desejar boas vindas do Carna de cada um de vocês que viajou e informar que sumi de alguns blogs pois os mesmos estão com conferencia de palavras (aquelas letrinhas chatas que se tem que digitar igual) que ficam somento o loading, ou seja, não carrega a imagem das palavras e não dá pra comentar! Tirem isso se possível. O número de spams no blogger ainda é muito pequeno.

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