Mudaram o Português!

Pra quem curte essa onda de mudanças a partir do reveillon, tem pela frente um prato cheio. Batam no liquidificador (sem trema) e bebam por três vezes ao dia a nova gramática. São mudanças consideráveis a decorar e vai ter muito neguinho escrevendo errado por aí. A ideia (sem acento) é de unificar a língua (também sem trema) em todos os países que falam Português. Para o nosso país, será vantajoso no que diz respeito à vendas. O Brasil exporta muitos livros para (agora sem acento até no verbo) o interior da África, para os países dependentes de Portugal. No que diz respeito a todos, a mudança ocorre pois o português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. A mudança também ocorre nesses países, que terão que adequar suas línguas em determinadas situações de acordo com a nossa. Os países participantes do acordo são Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Abaixo, as mudanças.

Crianças, lembrem-se sempre de uma coisa que aprendi com um ex sogro: Cuidado com os seus desejos. Eles podem se tornar realidade.

Vocês pediram mudanças? Ganharam!

Quanto as mudanças, é óbvio que não gostei. Nossa língua já tem complicações demais se comparada a qualquer outra, como a inglesa por exemplo e até sem comparar a nenhuma outra. Acredito que tenha que ocorrer uma reforma educacional e não uma reforma da gramática, mas, vamos ver no que dá. Acredito que para nós, simples mortais, a mudança (fora a adaptação da escrita e óbvio) será transparente. A minoria da população erá a Portugal fazer uma prova ou lerá um livro luso.

- As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiros terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.

- mudam-se as normas para o uso do hífen

- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”.

- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”.

- O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).

- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”. O certo será ação, ato, adoção e batismo.

- Também em Portugal elimina-se o “h” inicial de algumas palavras, como em “húmido”, que passará a ser grafado como no Brasil: “úmido”.

- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

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