Um Passeio Pela Cozinha

Certa vez, em meus tempos, “a muito, muito tempo atrás, numa terra distante, havia um jovem chamado..” como dizia Renato Russo em Faroeste Caboclo, época de estágio, na Caixa Econômica Federal (modéstia a parte, sempre fui um excelente profissional) me metia nas palestras pros gerentes de negócio e funcionários, sempre com o intuito de aprender. Eis que numa dessas, não me recordo o nome da palestrante, porém, recordo-me sobre o objetivo da palestra que era um bom relacionamento interpessoal no trabalho. Sinceramente, foi a melhor que assisti. Trabalho no mundo tecnológico, assisto palestras e palestras sobre coisas que nem imaginamos que ainda serão lançadas e a que mais me prendeu foi uma de “ciência social”. A teoria da palestrante era sobre a flexibilidade de nós mesmos, que muitas vezes, mesmo estando certos, nos expressamos de formas totalmente erradas, nos fazendo parecer arrogante e perdendo em parte nossa razão plena... Uso os seus conceitos até hoje, não só no mundo business, mas também no pessoal. Recordo-me de um exemplo que ela deu onde citava um casal. Ele odiava pudim de bananas (eu nunca comi pudim de bananas, mas ela citou esse exemplo) e ela louca por pudim de bananas e fazia tudo para agradá-lo. E um dia foi para a cozinha, fazer o almoço de domingo e pra sobremesa: Pudim de Bananas.

O marido pergunta o quem para sobremesa e ela alegre responde: -Pudim de bananas!

O marido fecha a cara. Não come. A esposa se chateia e sai da mesa.
Oras, ele odiava pudim, ela ama e sabia que ele odiava. Quem estaria certo? A moça da palestra disse que nenhum!

O outro cenário:

E um dia foi para a cozinha, fazer o almoço de domingo e pra sobremesa: Pudim de Bananas.
O marido pergunta o quem para sobremesa e ela alegre responde: -Pudim de bananas meu amor!
O marido: -Mas meu amor, você sabe que não gosto (responde suavemente a esposa).
A esposa: -Eu sei meu amor, mas nesse eu fiz aquela calda que você mais ama!
O marido: -Então ta amor, provarei!


É incrível de idiota como a sutileza e a compreensão muda os relacionamentos. Ela me deu vários outros exemplos, inclusive no mundo dos negócios, mas eu como um adolescente de 16 anos, obviamente que guardei esse exemplo mais prático em minha memória. E juro, imaginei ali, a cena em minha cabeça. Em como eu ficaria sem graça em reagir contrariamente a uma resposta da minha esposa dizendo que fez uma coisa que não gosto mas fez de um jeito diferente pra eu provar. Entende? Uma coisa que eu não gosto, só que de uma forma diferente. Vai que dá certo?!
Se ele quer a praia e ela quer a serra, vamos procurar um campo com cachoeira!
Se ela quer frutos do mar e ele churrasco, jantemos peixes com camarão e almoçamos picanha! Ele quer o Artur e ela a Maria Luiza, façamos 2 filhos!
A flexbilidade não é pra qualquer pessoa. Realmente é algo difícil de se encontrar por aí, até porque, flexibilidade pede bom senso. Pra quê desagradar quem você ama por algo que pode ser contornado? Pra que cobrar algo de quem você ama ao qual você nem dá tanta importância assim? Por que não ser mais maleável? Mais flexível?
Amor, da forma que você quer, eu não posso, eu não consigo, não dá, ou você não tem razão, mas ainda assim, tentarei de outra forma pra não criar atrito entre nós. É primário, simples, mas é tão sutil e sublime, que às vezes chega a ser imperceptível.
Na minha opinião, o grande erro do ser humano é querer tanto ter razão que em determinado momento, ele esquece do principal objetivo: Ser feliz.

Ps. Texto do meu blog antigo que não era divulgado.

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