Entre Amigos


Todos tem um amigo folclórico. O meu se chama Alberes. Aula de fonética, Áu / béh / rês, assim se pronuncia. O Macarrão, um dos apelidos carinhosos do nosso amigo, é magro do tipo faquir, alto, lerdo, orelhudo ao estilo Lima Duarte, branquelo, desengonçado, enfim, engraçadíssimo.

Ele é do tipo ímpar, que mesmo fazendo merda, ninguém da turma consegue ficar puto com ele. Alberes teve váaaaaaaaaarios apelidos adquiridos ao longo da vida, Macarrão, Palmito, Magrelo, Magruço, Cotonete, Magriça, Garça, Pink (Pink e Cérebro) e mais alguns muitos que não lembro, fora os erros de fonética por seu curioso nome: Álbêres, Albêrês, Alberico, Alferes, Alteres e por aí vai. Me lembro no mínimo de duas situações curiosas em relação ao seu nome. A primeira foi na entrada de uma boate. Na entrada havia um daqueles seguranças toscos, um Negão imenso, com cordão de prata que parecia uma corrente e cheio de anéis. Na nossa vez na fila o Negão fala:

-Qual seu nome?
-Alberes.
-O que?
-Alberes.
-Tá de brincadeira?
-Não, to não! É Alberes!
O Negão ficou puto, olhou sério pro Macarrão e disse:
-Mermão, ta de sacanagem com a minha cara?
Em seguida pegou a cartela, escreveu Denis e tacou nos peito do Macarrão.
-Pode entrar.

A outra foi no cinema. Estava eu assistindo Sexo, Amor e Traição (Meu Deus, quanto tempo tem!) e estava com uma gatinha do lado. O telefone dela tocou:

-Oi Mãe! To no cinema
Pausa
-Ah Mãe, ta eu, o Felipe, o Renato, o Junior, as meninas e o Álbêres.
Pausa, mas foi uma pausa mais longa. Imagino que a mãe deve ter falado algo do tipo –O que é Álbêres? Ou então, “Como você anda com um sujeito de nome Álbêres?” pois a resposta da menina foi a seguinte:
-É mãe! O Álbêres! Ele é legal!

Aprontávamos todas e agradeço a Deus o bom coração que o Macarrão tem e toda a sua paciência pra me agüentar os meus gritos no futebol. Ele nunca ligou pra nada, inclusive ria de todos os apelidos que numa época eram tantos, que não queríamos mais que acabassem, então, inventei a língua do éres. Tudo era éres, só pra rimar com o nome dele. Bola virava boléres, mesa meséres, casa caséres e por aí vai. Era o Mundo Alberes.

Andava com a gente na época a Maria, uma moça boa, pernão, peitão, bundão e ela era boa até demais, geral tirava uma casquinha da Maria, e comigo, não foi diferente. Um vez fui pra boate, garotão, época de academia, levei a Maria pro carro e ganhei um boquetinho (vai, pra não ficar vulgar, coloquei no diminutivo). A Maria fazia a nossa alegria!
Na semana seguinte, fui o último a chegar na mesma boate, tive um compromisso anterior e já cheguei bêbado, e a galera que já estava lá não estava diferente. Cheguei, falei com todos e a Maria, que não perdia tempo, estava com outro. Foi uma visão linda, Macarrão e Maria grudadinhos.

Na fila, indo embora, paramos nos três pra conversar, após ele dar um beijo daqueles arranca língua na Maria e não me lembro bem o que disse que ela chegou no meu ouvido e falou algo do boquetinho. Macarrão estava do lado e se ligou, me olhando curioso: Qual foi?
Eu tava tão bêbado, que fui colocar outro apelido nele e troquei as bolas. Falei que ela tinha me pagado um boquetéres na semana anterior.

Macarrão foi ficando verde. Não sabia se limpava a boca, se ria do apelido ou se me xingava. Nunca vi o Macarrão tão confuso com uma zoação.

Cuspiu no chão, estufou o peito, me olhou e disse:

-Filho da puta.


E é isso. Permitam-me apresentar alguns amigos, que andam comigo e me rendem umas situações hilárias que rendem bons posts.

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