Se joga.


Eu admiro as pessoas que se jogam. É bem plausível que as pessoas se preservem e tenham medo em qualquer que seja a situação, até porque o mundo de hoje é cão, mas como vocês que pouco me conhecem lêem, sabem que odeio qualquer coisa em demasia, inclusive o medo. Tudo tem limite, paixão,amor, amizade, e o medo também têm. Não sou o mais intenso dos seres, e to longe de ser, mesmo, mas sempre pago pra ver o que quero, mesmo que me custe lágrimas. Pensando em modo macro, a vida passa muito rápido. É uma piscada de olhos e teu tempo aqui já acabou, e rotina, ócio, medo, são coisas que não me permito além do normal. Deixei um comentário no blog da Tainá ontem, que pensa exatamente como eu penso: É intensa quando se deve. E falei o seguinte:

-Prefiro chorar 500 vezes mais do que quem se poupa, se esconde. Choro mais, e compensação, amo 500 vezes mais, sou amado 500 vezes mais.

Acho que a vida é isso. As coisas mais simples são as que valem mais a pena, mas as mais simples, nem sempre são as mais fáceis. A vida não é fácil. Não me entrego fácil, mas não por não querer, simplesmente por não conseguir me entregar, não conseguir que me despertem essa vontade, mas quando acontece, afirmo a vocês, vou de cabeça. Quebro a cara? Alguém tem duvida? Claro que sim. Mas tudo passa. Nenhuma dor dura pra sempre, ninguém é insubstituível. Só de pensar que você nasceu sem alguém e viveu toda vida sem esse alguém, porque não pode viver novamente? É um belo raciocínio não é? Pra quem é de verdade, não é difícil se levar uma vida com a cara a tapa. Da mesma forma que você corre o risco de se machucar, você vai ficando mais calejado, em saber quem se aproxima por nada ou quem te quer bem, porque vejam bem, se você quebrar a cara, e não tirar nenhuma lição positiva, se mate e consulte o Google. Você é burro e ta apenas passando pela Terra, sobrevivendo, sem viver. Se isso é bom pra você eu não sei, mas eu não me contento. A vida é uma troca, você nunca dá sua lágrima por nada. Nunca. No mínimo se ganha experiência, e cá entre nós, é muito mais valiosa que uma lágrima.

Conheci uma mulher, que largou a família toda, no Paraná, onde tinham uma vida boa, de fazendeiros, e veio sozinha, na cara, e na coragem pro Rio de Janeiro. Veio nova, sem grana, sem amigos ou parentes. Não, ela não montou um império, mas se virou legal. Alguém acredita? Aprontou de monte, quebrou a cara de monte, e não foram poucas as vezes que a vi chorar. Nas vezes que conversávamos eu prestava a atenção atentamente no que ela me explicava:

-Existem pessoas assim, existem pessoas assim e assim. Nesse tempo sozinha, eu me deparei com um monte desse tipo, e tive que aprender. Mas ainda há as coisas com que eu não me deparei. Não tenha medo. Tudo acaba de uma forma. Seu colégio vai acabar, o filme vai acabar, seu emprego vai acabar, sua vida vai acabar. De uma forma ou de outra, acaba.

Incrível como tudo bate, tudo encaixa, tão cascuda de tomar porrada que ela ficou. Levou muita, mas ela se jogava, e ia, e viajava e não se importava com a opinião alheia, porque pra ela, a sua única preocupação era a sua felicidade. Ganhou rótulos, revoltou, brigou e guerreou. A vi mover barreiras que vocês nem tem noção. Se se deu bem ou não, se conseguiu ou não, só ela sabe. Confesso que eu já tive medo: Do bicho-papão, do homem do saco e da alma do queijo assado. (Pra quem não conhece a última, é coisa inventada de uma mãe que não sabia como parar seu filho bagunceiro)

Viver, pra mim ainda é a melhor opção. Por isso eu to afim de me jogar de novo. Viajar, conhecer, desbravar, conquistar. Quebrar a cara, aprender, ganhar e perder. Por que com que autoridade vou chegar pros meus netos, se não tiver vivido e contar:

-Uma vez, a avó de vocês me ensinou: Existem pessoas assim, existem pessoas assim e assim. Nesse tempo sozinha, eu me deparei com um monte desse tipo, e tive que aprender. Mas ainda há as coisas com que eu não me deparei. Não tenha medo. Tudo acaba de uma forma. Seu colégio vai acabar, o filme vai acabar, seu emprego vai acabar, sua vida vai acabar. De uma forma ou de outra, acaba.


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